Seis anos e meio após crime em escola, caso Beatriz é concluído com suspeito indiciado por homicídio
Menina tinha 7 anos quando foi morta com dez facadas, em Petrolina, no Sertão. Marcelo da Silva, que está preso, foi considerado autor do assassinato a partir de teste de DNA.
Por Ricardo Novelino, g1 PE
Seis anos e meio depois do crime, o caso Beatriz Angélica Mota foi concluído pela Polícia Civil de Pernambuco. A menina, então com 7 anos de idade, foi assassinada dentro de uma escola em Petrolina, no Sertão. Marcelo da Silva, de 40 anos suspeito de desferir dez facadas na criança, está preso e foi indiciado por homicídio qualificado.
Beatriz Angélica foi morta em 10 de dezembro de 2015, quando estava na formatura da irmã, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Ela saiu do lado dos pais para beber água e desapareceu. Vídeos registraram o momento em que a menina saía da solenidade.
O corpo dela foi achado dentro de um depósito de material esportivo da instituição com uma faca do tipo peixeira cravada na região do abdômen. A menina também tinha ferimentos no tórax, membros superiores e inferiores.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou, nesta quarta (6), que a Força-Tarefa responsável pelo inquérito encerrou as investigações. O relatório conclusivo foi enviado pela internet, na segunda (4) ao Ministério Público de Pernambuco.
No comunicado, a corporação disse, ainda, que o “procedimento segue sob segredo de Justiça”. Por isso, não foram divulgadas mais informações sobre os trabalhos da polícia.
Marcelo da Silva, 40 anos, é suspeito de matar a menina Beatriz Mota, em Petrolina, em 2015 — Foto: Reprodução/TV Globo
Também por meio de nota, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) informou que o inquérito policial do caso Beatriz está com a Central de Inquéritos de Petrolina.
“O MPPE ressalta que irá analisar com a maior brevidade possível, devido à quantidade de material produzido na investigação, observando a necessidade de apreciar com cautela e responsabilidade todo o inquérito, para as providências legais”, disse o comunicado.
Pelas redes sociais, a mãe de Beatriz Mota, Lucinha Mota, afirmou que a “filha merece um processo justo. Acrescentou que seis anos após o crime, espera “celeridade da Justiça”.
“Caminhei seis anos para que minha filha pudesse ter o inquérito finalizado. Esperamos que não demore mais. Beatriz merece”, declarou. A defesa de Marcelo da Silva afirmou, nesta quarta, que não teve acesso ao inquérito finalizado.
DNA
Exames de DNA revelam a identidade do suspeito pelo assassinato de Beatriz Angélica Mota
O caso Beatriz Angélica começou a ser solucionado em janeiro de 2022, pouco depois de o crime completar seis anos. Na época, a Polícia Científica afirmou que Marcelo da Silva confessou o assassinato (veja vídeo acima).
A polícia esclareceu que chegou ao suspeito a partir de exames de DNA na faca usada no assassinato. Quando as autoridades fizeram o anúncio da descoberta, Marcelo da Silva já estava preso por outros crimes.
O DNA encontrado na faca foi comparado com o material genético de 124 pessoas consideradas suspeitas ao longo dos seis anos da investigação.
Faca usada para matar a menina Beatriz Angélica foi peça-chave para coleta de material genético que identificou suspeito — Foto: Reprodução/TV Globo
Todas essas amostras foram coletadas pelos peritos do Instituto de Genética Forense Eduardo Campos, desde 2015. A perícia constatou que nenhuma delas tinha ligação com o crime.
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Na primeira semana de janeiro, os dados coletados pelos peritos na faca utilizada no crime foram aprimorados, o que possibilitou a inclusão do perfil genético do assassino no Banco Estadual de Perfis Genéticos, da Polícia Científica.
Com isso, foi feito um cruzamento de informações em um programa de computador que reúne 14 mil cadastros de pessoas que estão ou já passaram pelo sistema prisional de Pernambuco.
O resultado apontou que o assassino de Beatriz Angélica é Marcelo da Silva. Na mesma semana, a polícia coletou novamente material genético de Marcelo e refez o cruzamento dos dados, chegando à mesma conclusão.
O laudo mostra que o perfil genético obtido a partir da amostra é compatível com o DNA da menina e do suspeito.
Demora
Desde a data do assassinato, foram realizadas sete perícias. O inquérito acumulou 24 volumes, 442 depoimentos e 900 horas de imagens analisadas. O caso passou por oito delegados.
Em dezembro de 2021, os pais da criança percorreram a pé mais de 700 quilômetros, entre Petrolina e o Recife, para pedir justiça.
O ato durou 23 dias e contou com apoio de autoridades municipais e dos moradores das cidades por onde eles passaram.
Advogados
Acusado de matar Beatriz, em Petrolina, muda versão; família da menina fala em exploração
Dias depois da prisão de Marcelo da Silva, começou uma polêmica entre advogados de defesa que representaram o suspeito.
De início, a advogada Niedja Mônica da Silva se apresentou como defensora de Marcelo da Silva e disse que ele tinha confessado o assassinato para “aliviar o coração da mãe da menina“.
Advogado diz que suspeito de matar menina Beatriz disse ser inocente em carta — Foto: Pedro Alves/g1
A reviravolta ocorreu depois que o advogado Rafael Nunes apresentou uma carta em que, segundo ele, Marcelo se diz inocente e afirmou que ele teria “sido pressionado” para admitir a culpa.
Os dois advogados dizem ter sido constituídos por Marcelo da Silva como defensores no caso. Rafael Nunes diz que Niedja Mônica foi destituída, mas ela afirma que a entrada do colega seria analisado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Pernambuco.