Ricardo Nunes e Guilherme Boulos vão disputar o segundo turno em São Paulo
Os dois obtiveram 29% dos votos válidos e tiveram apenas 25 mil votos de diferença. Em disputa acirradíssima até os minutos finais, eles bateram Pablo Marçal (PRTB) por um ponto percentual.
Por g1 SP — São Paulo
Os candidatos Ricardo Nunes(MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) farão o 2º turno da eleição na cidade de São Paulo no próximo dia 27 de outubro.
Em uma disputa acirradíssima até os últimos minutos, eles venceram neste domingo (6) o 1º turno com o mesmo percentual de votos válidos: 29%. Com 25 mil votos de diferença, Nunes teve 29,48% dos votos válidos e Boulos, 29,07%.
Só às 21h07, com 99,52% de apuração, foi definido o segundo turno. Com 100% das urnas apuradas, Nunes teve: 1.801.139 votos e Boulos, 1.776.127 votos.
Apesar da atenção que chamou no 1º turno, Pablo Marçal (PRTB) não avançou para a próxima etapa do pleito e obteve 28,14% dos votos válidos (1.719.274) Na véspera, publicou um laudo falso contra Boulos, mas não se arrependeu (leia mais abaixo).
Pouco antes do fechamento das urnas, Boulos afirmou em mensagem à Globonews: “Agora, são dois caminhos: quem quer que a cidade fique como está, que concorda com Nunes; e quem quer mudança vem comigo – Boulos e Marta Suplicy.”
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que apoiou Nunes, também publicou uma mensagem:
“Estamos no segundo turno, o Nunes fez uma campanha limpa, respeitosa, com propostas consistentes e foi reconhecido por isso e pelo trabalho incansável que vem fazendo pela capital. Agora, temos mais um turno para mostrar que a parceria com o governo do estado precisa seguir. Vamos em frente.”
Depois, em coletiva, Boulos agradeceu aos eleitores e acenou para os que não votaram nele.
“Em primeiro lugar eu quero agradecer aos mais de 1.700 mil paulistanos que votaram pela mudança, que votaram no 50 no dia de hoje. E quero também dialogar com aqueles e com aquelas que não votaram na gente no primeiro turno. A enorme maioria do povo de São Paulo votou pela mudança. E agora, nesse segundo turno, e isso que estar em jogo”, disse.
Em seu discurso, ao lado de Tarcísio e de Gilberto Kassab (PSD), Ricardo Nunes afirmou que o segundo turno será uma “situação onde a gente precisa refletir, e cada um de nós vai levar isso para a população: a diferença entre a ordem e a desordem, entre a experiência e a inexperiência, entre a boa gestão e a interrogação. A diferença entre o diálogo, a ponderação, o equilíbrio, e o radicalismo”.
Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) ficaram em quarto e quinto lugar. Eles tiveram, respectivamente, 9,91%% e 1,84% dos votos válidos neste domingo (6). Tabata anunciou apoio a Boulos, mas Datena preferiu não apontar ninguém, já que seu “número de votos era irrelevante”. O PSDB declarou apoio a Nunes.
Segundo o TRE, a Zona que aparece em branco no mapa por zona eleitoral, a Vila Jacuí (ZE 398), foi extinta e os eleitores foram remanejados para outras duas zonas, o que pode ter atrasado o resultado final.
No total, dez candidatos disputaram a Prefeitura de São Paulo neste 1º turno, confira o desempenho nas urnas de cada um deles nas urnas:
- Ricardo Nunes (MDB): 29%
- Guilherme Boulos (PSOL): 28%
- Pablo Marçal (PRTB): 28%
- Tabata Amaral (PSB): 9,91%
- José Luiz Datena (PSDB): 1,84%
- Marina Helena (Novo): 1,39%
- Ricardo Senese (UP): 0,09%
- Altino Prazeres (PSTU): 0,05%
- João Pimenta (PCO): 0,01%
- Bebeto Haddad (DC): 0,01%
- Brancos: 3,54%
- Nulos: 6,21%
Campanha tumultuada
Durante toda a campanha, Boulos, Nunes e Marçal se mantiveram empatados tecnicamente na liderança das pesquisas de intenção de voto na cidade.
O 1º turno da eleição em São Paulo foi marcado por uma série de acusações e baixarias, inclusive com dois episódios de agressão física inéditos nas eleições paulistanas.
Tanto Nunes quanto Boulos acionaram a Justiça Eleitoral várias vezes, em virtude de insinuações e xingamentos mútuos realizados nas propagandas eleitorais, nos cortes das redes sociais ou nos debates.
Com 12 partidos coligados, Nunes tinha o maior tempo de televisão entre os candidatos à Prefeitura de SP no 1° turno. Ele tinha 6 minutos e 30 segundos com a Coligação Caminho Seguro pra São Paulo (PP, MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD, Agir, Mobiliza e União Brasil).
Já Guilherme Boulos (PSOL) tinha o 2° maior tempo, com 2 minutos e 22 segundos com a Coligação Amor por São Paulo, composta por cinco partidos (Federação PSOL/Rede, Federação Brasil da Esperança — Fé Brasil com PT, PC do B e PV, e PDT).
Sem tempo de rádio e tv e sem nenhum partido coligado, Pablo Marçal (PRTB) usou as redes sociais e os debates na TV e na internet para fazer uma séria de acusações falsas contra os adversários.
O estopim dessa onda de acusações foi a cadeirada que Marçal recebeu do candidato José Luiz Datena (PSDB), durante um debate promovido pela TV Cultura em 15 de setembro.
Após chamar Datena de “assediador” e “jack” [estuprador de mulheres], o tucano acertou uma cadeirada no adversário ao vivo, durante a transmissão do evento.
Por causa da cadeirada e das acusações falsas, os dois candidatos acionaram a Justiça um contra o outro pedindo indenizações de R$ 100 mil.
Outro episódio de violência aconteceu no debate promovido pelo grupo FlowPodcast, onde o cinegrafista de Pablo Marçal – Nahuel Medina – deu um soco no rosto do marqueteiro de Ricardo Nunes (MDB), Duda Lima.
Medina chegou a ser detido e foi levado à delegacia, onde foi registrado um boletim de ocorrências por lesão corporal.
Duda Lima tomou seis pontos no rosto e conseguiu uma medida protetiva para que Nahuel Medina não se aproximasse a mais de dez metros dele.
O cinegrafista foi afastado por Marçal dos debates e várias medidas foram tomadas pelas emissoras de televisão que promoveram outros debates após o segundo episódio de violência na campanha.
Na campanha, Nunes e Marçal tiveram também várias discussões e trocas de acusações nos debates, além de travarem uma guerra na Justiça Eleitoral por postagens feitas um pelo outro com informações falsas.
Laudo falso
O último tumulto da campanha causado por Pablo Marçal foi a publicação de um laudo falso de uso de cocaína por parte do adversário Guilherme Boulos (PSOL).