Primeiro transplante ósseo é realizado em hospital da rede estadual de Pernambuco Diferentemente de transplantes de órgãos, o transplante ósseo pode ser realizado com uma janela de tempo maior entre a morte do doador e o procedimento
Na tarde desta quarta-feira (24), a equipe de ortopedia do Hospital Otávio de Freitas realizou um procedimento nunca feito antes: um transplante ósseo na rede pública estadual de Pernambuco. Para o procedimento, realizado em uma paciente que tem prótese de quadril, foram transplantados ossos em dois lugares: no fêmur e no quadril.
A cirurgia abre um novo leque de possibilidades para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Pernambuco, que agora podem receber o transplante ósseo sem precisar viajar para algum estado da Região Sudeste para ter acesso à cirurgia.
“O transplante ósseo é diferente de um transplante de fígado ou de outros órgãos, em que imediatamente você precisa transferir imediatamente para a pessoa. Nele, quando um paciente é doador, partes de ossos são retiradas e guardadas para um procedimento futuro, o que foi o caso”, explicou o coordenador do grupo de ortopedia da unidade de saúde, Wagner Hermes.
Transplante ósseoA operação foi possibilitada por conta de uma proximidade do Hospital Otávio de Freitas, por meio da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), uma instituição nacional de referência em ortopedia localizada no Rio de Janeiro. O Into, através do seu banco de ossos, disponibilizou o osso que deveria ser transplantado para a paciente, que esperava pela cirurgia há dois anos.
Para que o fragmento seja armazenado em um banco de ossos, é preciso uma avaliação em diversos fatores, como órgãos do corpo também o são. A diferença é que para que o osso esteja apto para transplante, ele precisa estar saudável. Isso quer dizer que ele não pode ser desgastado, vindo de uma pessoa que teve câncer ósseo e osteoporose, por exemplo.
Os ossos retirados de um doador, após seu falecimento, podem beneficiar aproximadamente 30 pessoas e aguardar em armazenamento, com baixa temperatura e prensado à vácuo, por até cinco anos.
No transplante ósseo, não é necessário que o osso seja o do mesmo local no doador e no transplantado. Eles precisam ser apenas do mesmo tipo. Há dois tipos: osso trabecular ou esponjoso (que apresenta uma estrutura mais “mole”) e osso cortical (mais duro). É necessária a compatibilidade com o local de transplante.
“Normalmente, quando a gente vai tirar o osso, temos dois tipos de ossos. Há o osso esponjoso (um osso mais mole) e o osso cortical (como o osso do fémur). Se tira tanto um tipo quanto o outro. Quando vamos reconstituir, ele vai ser incorporado à estrutura da pessoa e, com o tempo, vai ser nutrido e vascularizado até virar o osso da pessoa”, explicou Wagner Hermes.
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O coordenador de ortopedia ainda informou que em alguns casos o osso é inserido no corpo da pessoa transplantada em forma de fragmentos e, ao decorrer da recuperação, é recuperado e incorporado completamente ao corpo.
Cirurgia
O procedimento realizado nesta quarta-feira foi chefiado por Claudio Marques, cirurgião especialista em cirurgia do quadril. Ele e sua equipe realizaram o procedimento em pouco mais de duas horas.
Foi realizada uma solicitação ao Banco de Osssos pedindo o tipo necessário para a cirurgia da paciente. O Into enviou o material do Rio de Janeiro para que a cirurgia fosse realizada no Recife.
