Polícia Federal prende no RJ suspeito de organizar e financiar atos terroristas no DF
Dos três mandados de prisão temporária expedidos, um foi cumprido na manhã desta segunda-feira (16). Outros dois alvos não foram localizados. Eles são suspeitos de organizarem atos em frente à quartéis do Exército, e participar ou financiar dos atos terroristas de 8 de janeiro em Brasília.
Por Matheus Moreira e Ariane Marques, g1
Uma pessoa foi presa e duas seguem sendo procuradas Polícia Federal nesta segunda-feira (16) em uma operação em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, contra três suspeitos de organizar e financiar os atos terroristas no Distrito Federal, em 8 de janeiro.
Houve apreensão de celulares, computadores e documentos diversos.
O ataque às sedes dos três Poderes deixou um rastro de destruição e prejuízo ao patrimônio público.
A operação, que foi nomeada Ulysses, visa cumprir, além dos madados de prisão, cinco mandados de busca e apreensão. Os nomes dos alvos não foram divulgados.
Os suspeitos são investigados por associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e incitação das Forças Armadas contra os poderes institucionais. Crimes que teriam sido cometidos ao financiarem e organizarem os ataques às sedes dos três Poderes e atos em frente aos quartéis em Campos dos Goytacazes.
“Durante a investigação, foi possível colher elementos de prova capazes de vincular os investigados na organização e liderança dos eventos. Além disso, com o cumprimento hoje dos mandados judiciais, será possível identificar eventuais outros partícipes/coautores na empreitada criminosa.”, diz comunicado da Polícia Federal.
Relembre os atos terroristas no DF
Bolsonaristas radicais, golpistas e criminosos invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto —sede da Presidência da República, em Brasília.
Foi um ataque terrorista sem precedentes à democracia brasileira. Os terroristas bolsonaristas invadiram e depredaram às sedes dos três Poderes. Quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.
Ainda não é possível dizer qual foi o tamanho total do prejuízo ao patrimônio público. Pelo menos 1.300 pessoas foram presas, incluindo o ex-secretário de Segurança Pública e ex-ministro da Justiça Anderson Torres, indicado pelo ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
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O ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Fábio Augusto, também foi preso.
As prisões de Torres e Augusto aconteceram após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Lula decreta intervenção federal no DF
O presidente Lula, que estava em SP no momento dos atentados, voltou a Brasília ainda na noite daquele domingo (8) e decretou intervenção federal para assumir a segurança pública do Distrito Federal.
Lula escolheu o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública Ricardo Cappelli para ser o interventor e comandar a operação.
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Cappelli é jornalista e foi escolhido pelo ministro Flávio Dino para ser o segundo no comando da pasta da Justiça. O interventor federal foi secretário de comunicação de Flávio Dino quando o ministro governou o Maranhão.
O que é uma intervenção federal?
A intervenção acontece quando a União assume as funções da segurança pública, neste caso no Distrito Federal. Uma intervenção como essa é restrita às forças de segurança e não retira o governador Ibaneis Rocha do cargo.
Após o presidente decretar uma intervenção federal, o Congresso Nacional tem 24 horas para analisar o decreto. A análise pelos parlamentares da Câmara dos Deputados aconteceu em sessão extraordinária no dia 9 de janeiro e foi corroborada pelo Senado Federal no dia seguinte.
Com aval do Congresso, os órgãos de segurança no DF ficam sob responsabilidade de Cappelli como interventor federal. Durante o período, Cappelli responderá diretamente ao presidente da República.