Novo comandante do Exército veta nomeação de braço-direito de Bolsonaro
Nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o comando do Exército Brasileiro, o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva já cumpriu uma das missões dadas pelo presidente da República, e vai barrar a nomeação do tenente-coronel Mauro Cesar Cid para assumir o 1º Batalhão de Ações e Comandos (BAC) de Goiânia. A decisão foi tomada após uma reunião entre os dois militares.
Ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o coronel Cid havia sido designado para assumir a unidade de operações especiais em maio do ano passado. Ele iria assumir o posto no começo de fevereiro.
No entanto, após os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes, Lula passou a ser ainda mais rigoroso na intenção de passar um pente fino em militares com fortes laços com o bolsonarismo, principalmente aos que participaram ou apoiaram o atentado do dia 8 de janeiro. O ministro da Defesa, José Múcio, também afirmou que Lula “não irá perdoar golpistas”.
Além de ter sido homem de confiança de Bolsonaro, Cid é acusado de operar um esquema de Caixa 2 no Palácio do Planalto, investigação que corre no Supremo Tribunal Federal (STF). Devido a este contexto, Paiva teria convencido Cid de que o contexto político não favorecia a nomeação e que o afastamento seria a melhor opção para a Força e para o próprio tenente-coronel.
O nome do militar também é considerado como a gota d’água para a demissão do antecessor de Tomás Paiva no comando do Exército, o general Júlio César Arruda.
O ex-comandante da Força resistiu em barrar a efetivação de Cid. O que se somou à inação dos militares para desmobilizar os acampamentos bolsonaristas radicais e de que teria impedido a polícia de entrar no território do Setor Militar Urbano (SMU) no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes.
No dia 24 de dezembro, um homem foi preso por planejar um atentado terrorista a bomba no Aeroporto de Brasília. Preso pela Polícia Civil (PCDF), George Washington, de 54 anos, admitiu que o plano foi arquitetado em conjunto a outros extremistas no QG do Exército. Mesmo assim o comando de Arruda permanecia conivente com a presença dos acampamentos.