A Fiocruz , por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) , no Rio de Janeiro, e o Instituto Butantan , em São Paulo, estão entre os 15 principais produtores mundiais de vacinas para a Organização Mundial da Saúde (OMS) . É o que mostra a última edição do Relatório Global do Mercado de Vacinas , realizado pela autoridade sanitária internacional, baseado nos números de 2021. As instituições brasileiras se destacam em meio a um total de 94 fábricas que distribuíram imunizantes para países-membros da OMS.
A presença de institutos brasileiros no relatório foi celebrada pela Fiocruz e pelo Butantan, que representam não apenas a capacidade do país em produzir e distribuir vacinas também para outros locais, como também o potencial da própria América Latina. O Butantan, por exemplo, forneceu um total de 100 milhões de doses de aplicações destinadas ao combate de cinco problemas de saúde: gripe, hepatite A, hepatite B, DTaP e raiva.
“É um resultado importante que coloca o Butantan ainda mais em evidência, principalmente como o principal produtor da América Latina”, diz o diretor de Parcerias Estratégicas e Novos Negócios do Butantan, Tiago Rocca, em comunicado.
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Ele destaca o crescente papel do instituto na imunização contra a gripe. Em abril deste ano, o Butantan exportou 700 mil unidades da vacina para o Uruguai; 225 mil doses para a Nicarágua e, em agosto, um milhão de doses para o Equador por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) , braço regional da OMS. Segundo o instituo, toda a receita recebida é convertida para pesquisa e desenvolvimento de novos imunizantes, como os para dengue e chikungunya.
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, ressalta o histórico de políticas públicas de vacinação no Brasil para o cenário de hoje. É o caso, por exemplo, da criação do Programa Nacional de Imunizantes (PNI) , um dos maiores do mundo, e do Programa de Auto-Suficiência Nacional em Imunobiológicos (Pasni) , que investiu na ampliação de centros como a Fiocruz e o Butantan no final do século passado.
“Ficamos felizes de figurar entre os principais produtores de vacinas e de ter contribuído para melhorar a saúde das pessoas contra diferentes doenças e para salvar vidas. Esse dado é fruto de décadas de trabalho da instituição e da tradição do país em políticas públicas de vacinação, que envolve a produção dos insumos em saúde, como se verifica também com a presença do Instituto Butantan entre os maiores produtores”, afirma Nísia, em comunicado.
A Fiocruz também oferta um total de cinco vacinas para os países atendidos pela OMS , entre elas a da febre amarela, da qual Bio-manguinhos lidera a produção mundial. A relevância fez com que a instituição fosse selecionada, no ano passado, como um dos centros para desenvolvimento e produção de vacinas com tecnologia de RNA mensageiro na América Latina pela organização.
Fábricas pelo mundo
A nova lista da OMS com as instituições brasileiras entre as com mais destaque exclui os imunizantes da Covid-19 devido ao caráter excepcional da distribuição de vacinas imposto pela pandemia. A Moderna, por exemplo, que é uma farmacêutica recente e teve como primeiro produto aprovado a aplicação contra o novo coronavírus, representa 6% das doses entregues em 2021, porém não aparece ao se considerar os demais imunizantes de rotina.
O catálogo com as 94 fábricas é composto majoritariamente por produtores da China e da Índia, que contam com 23 e 7 manufaturas, respectivamente – 31% do total. Em relação ao volume de doses, os 10 produtores que lideram a lista são responsáveis por 71% do total recebido pela organização. Em primeiro lugar, aparece o Instituto Serum da Índia (SII), que sozinho entrega 20% de todas as unidades de vacinas, mais de um bilhão de doses.
Apesar dos esforços globais da OMS para tornar o acesso às vacinas mais igualitário, o documento destaca que esse ainda é um grande desafio. Ele cita o exemplo da vacina contra o papilomavírus humano (HPV), que tem como principal benefício a prevenção do câncer do colo do útero, mas foi introduzida em apenas 41% dos países de baixa renda. Nos mais ricos, esse percentual sobe para 83%.