O trabalho em equipe e a precisão da ciência são dois pilares importantes para a inovação, com a capacidade de garantir para toda a população o acesso aos serviços essenciais, especialmente na área da saúde.
Um estudo internacional publicado esta semana, que contou com a participação de pesquisadores do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco), traz a descoberta de um novo método, mais prático e barato, para o diagnóstico do Zika vírus, que pode ser usado também para a identificação de outras doenças virais, como dengue, chikungunya e Covid-19.
O artigo do projeto, conduzido por cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá, foi publicado na última segunda-feira pela revista científica
Nature Biomedical Engineering, do Reino Unido. No país norte-americano, os pesquisadores desenvolveram biossensores sintéticos para testes rápidos que detectam a presença do vírus em até três horas.
O equipamento foi então trazido à América Latina para processos de validação na Colômbia, no Equador e no Recife, um dos centros do último surto de Zika, em 2015 e 2016. Na Capital pernambucana, foram analisadas 268 amostras moleculares de pacientes com sintomas da infecção.
Custo baixo
Pesquisador da Fiocruz-PE, Lindomar Pena diz que as vantagens da nova tecnologia são o custo mais baixo e a praticidade na aplicação, visto que o aparelho pode ser levado para qualquer lugar onde o paciente estiver.
Atualmente, a principal forma de diagnosticar as arboviroses, assim como a Covid-19, é por meio do RT-PCR, que exige a análise em laboratório e custa cerca de R$ 200 mil. O biossensor portátil deve baixar o investimento para US$ 500 (R$ 2.530 na cotação desta terça-feira, 8).
“O PCR é uma técnica boa, mas tem limitações, porque necessita de um equipamento restrito a laboratórios centralizados. O acesso a laboratórios modernos em regiões mais remotas é difícil. Hoje o teste é feito na Fiocruz e no Lacen-PE (Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco). E esse teste que nós desenvolvemos já é uma outra metodologia, mais inovadora, que funciona como um laboratório dentro de uma caixa”, explica o pesquisador.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), entre 2 de janeiro e 19 de fevereiro deste ano, foram notificados 67 casos suspeitos de Zika vírus; nenhum deles foi confirmado até agora e 24 foram descartados. O número representa uma redução de 71,4% em comparação com o mesmo período em 2021. Quarenta municípios estão em situação de risco de surto de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e 96, em alerta.