Daniel Alves viu suposta vítima de estupro chorando ao sair da boate, diz gerente
O gerente da boate Sutton, em Barcelona, Robert Massanet, afirmou em depoimento que Daniel Alves viu a suposta vítima de estupro chorando na noite de 30 de dezembro do ano passado. O jogador deixava a casa noturna quando passou pelo responsável pelo estabelecimento que, naquele instante, tentava acalmar a jovem de 23 anos que relatou ter sido violentada pelo brasileiro no banheiro. O atleta está preso desde 20 de janeiro.
As duas recolheram seus pertences e passaram por um segurança com quem a vítima havia feito uma brincadeira ao entrar na boate. O funcionário estranhou ao vê-la chorando copiosamente e a abordou. Segundo o depoimento, ao ser questionada pelo segurança, a jovem “desabou”. Em seguida o estabelecimento deu início ao protocolo a ser aplicado em casos de violência contra a mulher.
A suposta vítima então foi levada para um local separado, em um corredor. Em depoimento, Massanet contou aos investigadores que tentou por vários minutos acalmar a jovem para que ela conseguisse verbalizar o que havia acontecido.
“Não tive conforto. Mas perguntei a ela: ‘O que aconteceu com você? Diga-me o que aconteceu com você! Você tem que se acalmar. Mas fiquei muito impressionado”, disse Massanet. Neste momento, Daniel Alves passou pelo corredor onde estava o gerente, o segurança e a vítima. O brasileiro estava deixando a boate.
A jovem foi levada para uma sala depois que conseguiu relatar o que tinha ocorrido. E os funcionários da casa noturna chamaram a polícia.
Câmera filmou suposta vítima aos prantos
Uma câmera de segurança acoplada ao uniforme de uma policial que atendeu a suposta vítima de Daniel Alves registrou a jovem chorando inconsolavelmente ainda dentro da casa noturna, de acordo com informações do jornal catalão El Periódico. As imagens também mostram a mulher, de 23 anos, dando os primeiros “depoimentos” aos agentes. Na ocasião, ela disse que se sentia “envergonhada” e também “culpada” por ter aceitado entrar em espaço reservado onde estava o jogador.
Segundo o jornal, as imagens da câmera – acionada acidentalmente pela agente – mostram a jovem em “estado de nervosismo” e que já naquele momento assegura que foi vítima de uma agressão sexual por parte do brasileiro. Diferente de Daniel Alves, a jovem não mudou sua versão desde o dia 30 de dezembro, quando os os dois estavam na boate Sutton.
Após o primeiro atendimento, feito pelos policiais, a mulher foi transferida para o Hospital Clínic, o centro de referência para onde as vítimas de agressões sexuais em Barcelona são encaminhadas. Na unidade de saúde, ela foi examinada por um médico legista.
Nessa inspeção, o médico constatou lesões compatíveis com a luta – escoriações no joelho -, foram obtidos restos de líquido seminal que agora devem ser comparados com uma amostra de DNA que o brasileiro aceitou entregar para os investigadores. O legista também concluiu que a jovem estava “orientada” e se expressou de forma “coerente”.
Amiga relata assédio
Uma amiga da suposta vítima de Daniel Alves disse em depoimento à Justiça espanhola que foi apalpada violentamente pelo brasileiro. A denunciante, uma jovem de 23 anos, estava acompanhada de duas pessoas. E uma delas afirmou que o jogador passou a mão em suas partes íntimas e parou apenas quando ela conseguiu se desvencilhar e ir embora.
O jornal espanhol La Vanguardia teve acesso ao depoimento. De acordo com a publicação, o relato da testemunha coincide com a descrição feita pela suposta vítima, que contou ter visto a abordagem de Daniel Alves à sua amiga e prima em um momento no qual estava mais distante. “Foi quando percebi como ele tocava minhas amigas e o quanto estava próximo”, afirmou.
Durante o último mês, os policiais da Unidade Contra Violência Sexual (UCAS) colherem os relatos de dezenas de pessoas que estiveram na noite de 30 de dezembro na boate Sutton e ainda tentam localizar mais possíveis testemunhas. Os investigadores também analisaram imagens de câmeras de segurança.
Garçom convidou trio para ir à mesa do jogador
Segundo o jornal, um garçom da área vip da boate tentou por duas vezes “com demasiada insistência” convencer as três mulheres a sentarem à mesa de Daniel Alves.
Enquanto prepara sua defesa, o jogador de 39 anos terá que lidar com evidências que pesam contra sua versão dos fatos. Da contradição no depoimento aos vídeos divulgados pela boate, confira o que pode pesar contra o jogador.
Contradição no depoimento de Daniel
Segundo o jornal El Periodico, de Barcelona, o jogador mudou sua versão sobre o caso em depoimento ao Tribunal de Justiça, o que não caiu bem para o júri do caso. Dias antes, havia alegado desconhecer a vítima à polícia e em entrevista a um programa espanhol. No depoimento, porém, teria afirmado que houve a relação, mas alega que foi consensual. Segundo a rádio espanhola Cadena Ser, a defesa do jogador pede um novo depoimento.
Depoimento contundente da mulher
Ao mesmo tempo, o júri viu na suposta vítima um depoimento sem contradições, coerente com o que foi descrito por ela à polícia no dia 2 de janeiro. “O auto de prisão dá plena credibilidade à mulher, cuja declaração foi “contudente” e “persistente”, sem contradições. No juizado, explicou o mesmo que havia detalhado no dia 2 de janeiro, três dias depois dos acontecimentos, quando apresentou a denúncia”, explica o jornal El País.
Exames
Além dos depoimentos, a suposta vítima também passou por exames médicos no Hospital Clínic após deixar a boate. Os laudos médicos e o vestido foram entregues aos investigadores. Segundo a imprensa espanhola, foi detectada a presença de sêmen em seu vestido.
Câmeras de segurança
As imagens das câmeras da boate Sutton são um elemento importante para as autoridades que investigam o caso. Além de mostrar a suposta vítima em situação de fragilidade após a volta do banheiro da boate, o circuito interno teria registrado, segundo o El Periodico, que a mulher de 23 teria ficado por cerca de 15 minutos no banheiro.
Tatuagem
A evidência mais recente do caso foi revelada pelo jornal El Mundo nesta segunda-feira. Segundo o diário, a descrição de uma tatuagem íntima do jogador pela suposta vítima teria sido elemento importante para a determinação de sua prisão. A menção à tatuagem se chocou com a versão inicial do jogador de que ele teria permanecido vestido no episódio, diz o jornal.