Covid-19: com 114 mortes no País, Mandetta desestimula carreatas e orienta população a ficar em casa
O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, disse neste sábado (28), durante entrevista coletiva, que o momento é de ficar em casa para não sobrecarregar o sistema de saúde. Ele também criticou a realização de carreatas para a próxima segunda-feira (30) e convocou a população, governadores e prefeitos a adotar uma ação coordenada, planejada, sem olhar apenas localmente.
“Se todo mundo começar a ir pra rua sem que os equipamentos de proteção individual cheguem aos profissionais de saúde vai faltar gente e não vai ter gente para trabalhar nos CTIs, por exemplo. As pessoas que estão nos CTIs precisam de profissionais especializados, que sabem tratar pessoas no limiar entre a vida e a morte”, alertou. Mandetta afirmou que não existe quarentena vertical nem horizontal, o que existe é planeamento para olhar o todo e planejar o que é possível fazer.
O ministro também criticou o comportamento de gestores que estão se utilizando de liminares para ir buscar equipamentos, máquinas e respiradores em fábricas. Ele citou o exemplo da Prefeitura de Cotia (SP) que queria confiscar a produção de respiradores, porque a fábrica fica no município, e de governadores que estão buscando máscaras.
Mandetta também alertou para o perigo do uso da cloroquina em pacientes com sintomas leves, lembrando que a indicação é para casos graves. “A cloroquina provoca arritmia cardíaca e paralisa a função do fígado. Não é para sair da farmácia carregando uma caixa debaixo do braço e levar. Além dela também estamos pesquisando outros medicamentos”, adianta.
O ministro também atualizou em que pé estão a aquisição de EPIs. Estamos fazendo compras seguidas e entregamos 50% da primeira que recebemos para aos hospitais do País, mas não é simples porque alguns equipamentos dependem de importação. Por um tempo, por exemplo, a China deixou de vender aquelas roupas (brancas) que parecem de filma. Tem 10 dias que eles começaram a liberar e está o mundo todo procurando. Por isso não é o momento de agir por impulso e sair de casa. Vamos nos mover com planejamento”, orientou.
Questionado se era contra a quarentena, Mandetta afirmou que não era contra, mas que era preciso planejar a hora de sair de casa. Ele destacou que o único momento que o Brasil viveu quarentena foi em 1917, durante a Gripe Espanhola.
“Os impactos da pandemia chega para todos: sistema de saúde, população e economia. Vejam o caso da Índia, que paralisou tudo. O país é responsável pela produção de uma matéria-prima utilizada na fabricação de vários equipamentos. Dentro de 30,60, 90 dias vai faltar medicamentos no Brasil em consequência disso. Esse é o tipo de bagunça que essa doença traz”, analisa.
BALANÇO
Durante coletiva também foram atualizados os casos no País. Até às 15 horas, os casos confirmados registraram um crescimento de 14% em relação ao dia anterior, totalizando 3.904 casos e 114 mortes. Em Pernambuco, que registrou o primeira morte na última quarta-feira já conta com 68 casos e cinco mortes. O balanço acrescentou 22 mortes e 487 casos confirmados ao total. No balanço anterior, da sexta-feira (27), o Brasil tinha 92 mortes e 3.417 casos confirmados.
O balanço apontou para o segundo maior aumento diário de casos confirmados no Brasil até agora. Na sexta-feira, foram 503 novos casos.