Ciro Gomes é o segundo entrevistado na sabatina com presidenciáveis do JN Em entrevista ao Jornal Nacional, nesta terça-feira (23), o candidato a presidente da República, Ciro Gomes (PDT), se comprometeu com a pacificação do País e reconciliar os brasileiros diante da forte polarização política que atinge o cenário naciona
O candidato Ciro Gomes (PDT) é o segundo na série de entrevistas com os presidenciáveis no Jornal Nacional, na Rede Globo. A sabatina teve a duração de 40 minutos e abordou vários temas.
Polarização nas Eleições e Trato
Eu pretendo unir o Brasil através de um projeto. Vivemos hoje a mais grave crise: atualmente, são 33 milhões de pessoas no País com fome. Há pessoas responsáveis por essa tragédia. A maior ameaça à democracia é o fracasso dela pelo povo. A corrupção é tomada por pessoas e de grupos. E elas têm que ser apontadas, mas não olhando pra trás. Eu tô tentando mostrar ao povo que essa polarização odienta não ajuda — e que eu não ajudei a construir. Por isso, temos que ser duros. Minha tarefa é reconciliar o Brasil. Venho de uma tradição política nordestina palavrosa e não me custa nada rever certos tratos.
Estou propondo a perna de um novo modelo previdenciário. Vou pegar o BPC, aposentadoria rural e todos os programas e transformar em um direito previdenciário constitucional. Essa consolidação dá um total de R$ 280 bilhões. A conta fecha porque vou agregar uma taxa sobre grandes fortunas e acima de R$ 20 milhões. Cada super-rico do Brasil vai financiar com 50 centavos para a população brasileira mais pobre.
Mudanças na governabilidade
Proponho mudar o modelo econômico e de governança política. Pensem comigo: O Brasil se redemocratizou em 89. O Collor governou com esse modelo e foi cassado. Modelo este que se convencionou chamarmos de presidencialismo de coalizão. Com ele, chegamos à conclusão de uma crise eterna: Collor cassado, FHC nunca mais ganhou, Lula foi preso e Dilma foi cassada. Minha proposta é transformar minha eleição não em um voto pessoal, mas em um plebiscito programático. Quero celebrar uma cumplicidade com o povo brasileiro. Primeiro: propor as ideias e não agir conforme o populismo. Propor nos seis primeiros meses e ampliar a negociação com governadores e prefeitos. Persistiu impasse? Chama o povo pra falar sobre plebiscito.
Plebiscitos
Precisamos olhar mais para a Europa do que para a Venezuela. É muito clara a diferença para o populismo sulamericano que, infelizmente, o PT replica aqui. Vi ontem o cidadão (Bolsonaro) falando que não tem corrupção e é um despudor como se manipula os valores públicos. Quando fomos com Fernando Henrique falar sobre o (Plano) Real, era sobre o programa e não sobre o presidente. Tenho como fazer os governadores e prefeitos se envolverem nesse redesenho.
Reeleição
Reafirmo solenemente que abriria mão da reeleição. O que destruiu a governança política brasileira é a reeleição. O presidente se vende a esses grupos picaretas porque tem medo de CPI e quer se reeleger. Não sou corrupto. Resolvi fazer uma vida republicana. Não tenho medo de CPI e eu vou me preocupar só em fazer a reforma política. Por isso, elejam deputados que tenham compromissos comigo, pois quem você reeleger é com quem eu seria obrigado a negociar. A diferença é que Bolsonaro denunciou isso e fez o oposto. Prometo negociar sem roubalheira e sem toma-lá-dá-cá.
Mudanças
A chave aqui é que, naquela reeleição, o povo estará sendo induzido a votar no projeto que está tendo resultado. Não estou dizendo que é fácil. Mas são 11 anos sem crescer e com perversões na concentração de renda. Ontem eu vi o senhor presidente aqui e o Brasil tem 3% da população mundial e na pandemia morreram 11 a cada 100. Foi um comportamento genocida o dele. É grande a massa de brasileiros que sabem que estão votando no Lula porque querem se livrar de Bolsonaro. E vice-versa. Estou pedindo uma oportunidade de mostrar que o Brasil tem saída.
Meio Ambiente
Antes de mais nada, é preciso entender que o Brasil perdeu o senhorio sobre seu território. Mandamos 40 milhões de brasileiros para a Amazônia e, na época, a condição do Incra era mostrar que determinada pessoa tinha desmatado ou não dava o papel da terra. Não podemos achar que só repressão resolve. Precisamos estabelecer o georreferenciamento da terra. Pegar os biomas e os territórios e fazer um grande esforço de retreinamento. Nosso povo só sabe desmatar e ganhar 2 mil dólares por metro cúbico. Precisamos fazer um trabalho de reconversão da lógica produtiva. E aí é preciso entender que a floresta vale muito mais em pé do que derrubada. Minha tarefa é projetar o País para os próximos 30 anos. Restaurar a autoridade do País é o primeiro compromisso no primeiro dia. Estão desflorestando em reservas indígenas, unidades de conservação e em áreas protegidas pelo Código Florestal. A algema vai voltar a funcionar.
A única vez que falei sobre renunciar foi na noite da votação (do PEC dos Precatórios). Depois entendi que foi um mal-entendido. (A ameaça) Foi um sinal a quem eu sirvo. Acima do meu partido, está a minha vassalagem ao povo brasileiro.
Áreas de Risco no País
Nós mapeamos todas as áreas de risco e passamos a atuar com estratégia. O Brasil não tem mais nada disso. Eu assumo o compromisso de mapeá-las. Entrar na favela com drenagem, contenção de encostas, saneamento básico. É isso que irá gerar 5 milhões de empregos. É preciso que a responsabilidade seja do Estado.
Segurança Pública
A federalização é de algumas figuras penais. Estou seguro de que o enfrentamento das facções e milícias não será local. O policial é um trabalhador e que tem a família que mora na periferia. É preciso que essa figura seja de fora pra dentro, ou seja, com o governo federal. O Brasil tem 11600 policiais no atual governo. Eu vou organizar o setor e estabelecer bases tecnológicas para padronizar a abordagem. Minha proposta resolve tanto operacionalmente quanto financeiramente.
Considerações finais
Das minhas cinco propostas, não falei sobre a lei antiganância. Todos do crédito pessoal, ao pagar duas parcelas, ficam limpos. Eu peço só uma oportunidade de mudar o Brasil. A ciência de errar é repetir os mesmos erros do passado e achar que vai mudar.