Bancada do Podemos defende afastamento de Alcolumbre da presidência da CCJ Segundo partido, medida é para senador não prejudicar os trabalhos da comissão e ‘se defender de maneira plena’
Após as acusações de que o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) teria empregado servidoras fantasmas em seu gabinete por cinco anos, no esquema conhecido como “rachadinha”, a bancada do Podemos no Senado Federal defendeu seu afastamento da Presidência da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Os nove senadores da sigla devem defender que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), determine o andamento dos trabalhos da comissão. Segundo o senador Álvaro Dias, a situação atual na CCJ já está inviabilizando o funcionamento de outros poderes.
O partido emitiu nota na segunda-feira afirmando que o afastamento seria para o parlamentar “se defender de maneira plena” e não prejudicar o andamento dos trabalhos da CCJ.
“Tendo em vista as graves denúncias veiculadas na imprensa no último final de semana, o Podemos defende o imediato afastamento do Senador Davi Alcolumbre da Presidência” da CCJ diz o documento. “A medida tem dois propósitos: permitir ao Senador se defender de maneira plena e, ao mesmo tempo, não prejudicar o regular andamento dos trabalhos da mais importante comissão da Casa”, conclui a nota.
Na semana passada, uma reportagem da revista “Veja” revelou um esquema de manutenção de funcionários-fantasmas e de “rachadinha” que seria comandado por Alcolumbre. Mulheres que foram lotadas no gabinete dele contaram à revista que eram obrigadas a devolver parte dos salários e, em troca, não precisariam trabalhar. Em nota, o senador negou todas as acusações e disse ser alvo de uma “orquestração por uma questão e institucional da CCJ”.
Dias afirmou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pode intervir na comissão e determinar que o vice-presidente da CCJ, o senador Antonio Anastasia, comande as sessões e avance as pautas que estão paradas por causa da decisão de Alcolumbre de não pautar a sabatina de André Mendonça para o Senado.
Alcolumbre também vem articulando para tentar viabilizar a indicação do procurador-geral da República, Augusto Aras, ao STF. Enquanto isso, o presidente da CCJ mantém o colegiado inoperante há um mês. A última reunião da comissão ocorreu no dia 29 de setembro.
Com os trabalhos parados, o escolhido pelo governo para ocupar a cadeira na Corte, o ex-advogado-geral da União André Mendonça, aguarda há mais de cem dias para ser sabatinado pela CCJ. Além disso, projetos importantes para o país, como a reforma tributária, seguem parados nos escaninhos da comissão.
“As denúncias, que já são objeto de notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal, devem também ser investigadas pelo Conselho de Ética do Senado Federal, colegiado cuja composição atual está com mandato vencido e cuja eleição dos novos membros está pendente”, diz o documento.
Hoje, há 214 matérias prontas para serem votadas pela CCJ do Senado, entre elas indicações de autoridades para órgãos como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Há também impactos no Judiciário: o STF vem funcionando com dez ministros, o que prejudica os julgamentos em casos de empate.