Presidente da Abicom critica reoneração do diesel para bancar programa de carros populares: ‘Bastante discutível’
A extensão do programa de incentivos para a compra de carros populares com desconto foi confirmada pelo Ministério da Fazenda e deve custar R$ 300 milhões. Nesta quarta-feira, 28, o ministro Fernando Haddad declarou que os recursos virão da antecipação em R$ 0,03 da reoneração do diesel, que começará em outubro. Com este adicional, a iniciativa de renovação da frota de automóveis é custeada por R$ 1,8 bilhão em créditos tributários concedidos pelo governo aos fabricantes no pagamento de tributos futuros. Tal desconto é repassado pela indústria no preço dos automóveis ao consumidor. O programa tem prazo de quatro meses ou até que os créditos tributários se esgotarem.
O presidente executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araujo, classificou a destinação dos tributos do diesel para o incentivo à compra de carros como “discutível”: “O ministro Fernando Haddad está com uma proposta de uma reoneração da ordem de R$ 0,03 por litro no óleo diesel a partir de outubro. Lembrando que no início de junho, dia 6 de junho, já teve um aumento de R$ 0,14”
O representante dos importadores de combustíveis também analisou a alta dos tributos federais sobre a gasolina e o etanol, que começa a partir desta quinta-feira, 29. O aumento na tributação será de R$ 0,34 por litro para a gasolina e de R$ 0,22 por litro de etanol, segundo informou a Abicom. Para conter a alta nos preços, os impostos federais sobre a gasolina e o etanol haviam sido zerados em junho de 2022. A Medida Provisória perderia validade em 1º de janeiro, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prorrogou o prazo por mais dois meses quando, em fevereiro, o Ministério da Fazenda anunciou um retorno parcial dos tributos, com impacto de R$ 0,47 por litro para a gasolina e de R$ 0,02 por litro para o etanol. Para Araujo, apesar da reoneração, o aumento dos preços não deve ser tão impactante para o consumidor: “Esse reajuste, esse retorno desses encargos, esses tributos federais, já era esperado. Lembrando que tem aí a Medida Provisória com essa previsão de retorno”.