E é nesse patamar que ela está hoje, sob críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem juros altos, aliados a uma meta de inflação baixa, dificultam o crescimento econômico.
Mas muitos economistas afirmam que a atuação do Banco Central foi decisiva para controlar a inflação no Brasil, que fechou 2022 bem abaixo dos índices vistos em países ricos: 5,79%, o que, ainda assim, é superior à meta de 3% estipulada pelo BC.
Além da elevação dos juros pelo BC, o que contribuiu para conter a inflação brasileira em 2022 foi a isenção de tributos federais para combustíveis e energia, iniciada no governo Jair Bolsonaro e mantida no governo Lula.
Com a isenção, os preços dos combustíveis começaram a cair no Brasil, espantando em parte o temor no início da guerra. Em dezembro, os preços da gasolina e do etanol caíram mais de 25%, e a energia elétrica residencial recuou 19%.
Porém, com a isenção de tributos, o governo está deixando de arrecadar impostos, o que eleva o rombo nas contas públicas, que deverá chegar a R$ 230 bilhões em 2023.
Hidrogênio verde
A restrição à energia russa devido à guerra na Ucrânia acelerou a busca de países europeus por alternativas limpas, e uma delas é o hidrogênio verde, um dos substitutos dos combustíveis fósseis na obtenção de energia limpa. E justamente o Brasil pode se tornar um grande exportador de hidrogênio verde. O tema foi abordado pelo presidente Lula e pelo chanceler federal alemão, Olaf Scholz, na recente visita deste à Brasília.
Trata-se de um mercado ainda incipiente, mas de grande potencial. Um estudo da consultoria alemã Roland Berger estimou que o mercado mundial de hidrogênio verde deverá movimentar mais de 1 trilhão de dólares em venda direta do combustível ou derivados. De acordo com a consultoria alemã, o Brasil irá liderar essa corrida, transformando-se em um grande exportador global. A grande vantagem brasileira é o baixo custo de produção.
Prós e contras para o agronegócio
Quem também sentiu os efeitos da guerra na Ucrânia foi o agronegócio brasileiro – efeitos vantajosos e desvantajosos.
Um dos principais nós dos produtores, o custo de produção, explodiu por causa da alta nos preços dos fertilizantes. Os produtores brasileiros nunca gastaram tanto com fertilizantes como em 2022 – para comprar bem menos do que em anos anteriores.
Em 2022, 38 milhões de toneladas custaram quase 25 bilhões de dólares. Um ano antes, 41 milhões de toneladas haviam custado 15 bilhões de dólares. A Confederação Nacional da Agricultura já afirmou que a safra de 2022/23 é a mais cara da história.